As expressões populares são sempre muito curiosas e criativas.
Se pesquisarmos a origem da expressão “santo do pau oco” vamos encontrar a resposta nos registros históricos do Brasil Colônia, no final do século XVII e início do século XVIII quando estava no auge a mineração, especialmente nas Minas Gerais.
Como já falamos no post “Quinto dos Infernos” deste blog, a Coroa Portuguesa cobrava o quinto, ou seja, o imposto de 20% sobre todos os metais preciosos que fossem extraídos ou garimpados e comercializados no Brasil. Assim, para driblar essa cobrança tida como exorbitante, os mineradores combinados com clérigos, escravos e até governantes, utilizavam-se de estátuas de santos, esculpidas ou talhadas em madeira, mas que apresentavam seu interior oco ou com orifícios que permitiam esconder nelas ouro em barras ou em pó, pedras preciosas e outros metais. Assim disfarçados, era possível circular com esses valores sem ser barrados nos postos de fiscalização.
Nas Cidades Históricas de Minas Gerais há exemplares dessas imagens conservadas em Museus de Arte Sacra.
Há imagens de “santos do pau oco” também em Museus e Acervos de Arte Sacra recolhidos das regiões onde havia Missões Jesuíticas, no Rio Grande do Sul. Registros históricos atribuem aos índios, sob a orientação dos padres Jesuitas a autoria dessas estátuas entalhadas ou esculpidas em madeira, tendo seu interior oco ou com orifícios que permitiam esconder dinheiro ou valores para serem transportados, driblando o fisco ou ladrões e assaltantes.
Essa versão é contestada por alguns historiadores defendendo a hipótese de que os padres utilizavam-se dessas estátuas para catequizar os índios. Eram muitas vezes esculpidas em tamanho maior, sendo possível um padre ficar escondido dentro delas e impressionar os índios que acreditavam que tais estátuas falavam e assim eram doutrinados com maiores argumentos.
Uma terceira hipótese tenta explicar que o objetivo de esculpir essas imagens ocas era simplesmente o de torná-las mais leves e fácil de transportá-las ou removê-las.
A criatividade popular não deixa por menos: quando dizemos que alguém é um “santo do pau oco” estamos identificando uma pessoa fingida, dissimulada, falsa ou caloteira. Enfim, aparenta ser uma coisa e é outra diferente!
Então…
– Você conhece algum “santo do pau oco”?
E para ilustrar:
Fonte: Google