ESPERANDO GODOT

citação do livro “Esperando Godot”, de Samuel Beckett

Esperar…
Deixar o tempo passar…
Não fazer nada…
Esperar Godot!
Samuel B. Beckett, irlandês, considerado um dos mais famosos autores do Teatro do Absurdo, é o autor da famosa obra “‘”Esperando Godot”‘”.
A peça foi encenada pela primeira vez em 1953.
Considerada uma tragicomédia, mostra os conflitos existenciais do ser humano na pós guerra.
“Esperando Godot”, encenada até hoje no Brasil e no mundo afora, é enigmática na sua essência. Baseia-se na utopia, na busca tragicômica de algo que jamais será alcançado.
Vladimir e Estragão, dois palhaços desocupados, num cenário desolador, esperam o misterioso e imaginário personagem Godot.
Esperar Godot pode significar:

  • para onde caminha a humanidade?
  • esse mundo sem direção, sem respostas aos questionamentos, para onde nos leva?

Esperar Godot é viver a UTOPIA.
Angústia e dúvida permeiam os diálogos dos personagens.
Hoje, esperar Godot se traduz por crenças em verdades fabricadas, expectativas utópicas, espera pelo que nunca vai acontecer.
Enfim, “Esperando Godot” é uma representação do absurdo que aborda, em suas entrelinhas, questões filosóficas sobre a condição humana onde o tempo não existe.

“Esperando Godot” leva à reflexão sobre o absurdo da existência. Questiona a vida social, a perplexidade do ser humano, percebendo-se mergulhado em dúvidas, incertezas desamparo, desesperança.
O ser humano tentando perceber o vazio da existência, buscando, ao menos, a impressão de existir.
Esperar Godot levanta questões sociológicas e psicológicas, analisa as várias versões de nós mesmos, a atuação de cada um perante a própria vida.
Godot nunca chega.
Esperar Godot significa não enfrentar as dificuldades, não ir à luta, não assumir responsabilidade. Esperar um imaginário Godot, um novo Messias que nunca chega…
Porque Godot não chega e porque Esperar por ele não interessa.
Não sabem, mas esperam…
GODOT NÃO VAI CHEGAR.
GODOT NÃO EXISTE.

A FESTA DO DIVINO

Um tema curioso e envolvente.

Minhas vivências até o ano de 1995 sempre ocorreram em regiões onde predominam a colonização italiana, na Região Sul do Brasil, com as tradições religiosas típicas dessa cultura.

Ao passar a residir na região litorânea de Santa Catarina, onde predomina a cultura açoriana, algumas tradições chamaram minha atenção pelas características peculiares e por mim ignoradas. Dentre essas, a Festa do Divino celebrada nas Comunidades onde as Paróquias da Igreja Católica oportunizam esses eventos, traduzem esse misto de curiosidade e surpresa.

Festa do Divino Cortejo no centro de Florianópolis 2015

Festa do Divino Cortejo no centro de Florianópolis 2015 Fonte: Google images

Como é possível integrar a Celebração de Pentecostes, quando a Igreja Católica celebra a Vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos, após a Ressurreição de Cristo, como narra o Novo Testamento da Bíblia, com desfiles de Cortes Imperiais onde figuram Imperador, Imperatriz, Príncipes e Princesas devidamente caracterizados?

Em busca de respostas encontrei muitos registros dessas festividades, em Entidades Culturais e Religiosas, documentados por Programas impressos das Festividades, Fotos e Vídeos, nos quais fundamento minha narrativa.

Festa do Divino Corte

Festa do Divino Corte. Fonte: Google images

As Festas do Divino Espírito Santo ocorrem normalmente nos meses de maio a setembro Mesclam celebrações religiosas, folclóricas e profanas, São manifestações de religiosidade coletiva de grande simbologia trazidas pelos imigrantes portugueses provenientes do Arquipélago dos Açores em 1748.

O Ciclo das Festas do Divino nas Comunidades inicia com a saída da Bandeira do Divino em romaria pelas ruas dos bairros ou nos centros urbanos, visitando as casas dos devotos com bandeiras coloridas, ao som de tambores, rabecas, pandeiros e violas, cantorias e fogos. O ponto alto das festividades acontece na Cerimônia da Coroação do Imperador acompanhado pelo Cortejo Imperial, luxuosamente caracterizado.

Mas, fica a indagação: Qual a relação dessas caracterizações de Figuras Imperiais com os Símbolos Religiosos do Divino Espírito Santo?

FESTA DO DIVINO 2014 Festa do Divino Cortejo no centro de Florianópolis 2015

FESTA DO DIVINO 2014
Festa do Divino Cortejo no centro de Florianópolis 2015

Historiadores registram que a Festa do Divino Espírito Santo já acontecia na Alemanha, no século XII de onde se propagou pela Europa, em especial em Portugal, onde se firmou com a devoção especial da Rainha Isabel de Aragão.

Quem foi a Rainha Isabel de Aragão?

Filha do Rei Pedro III de Aragão ( do Reino de Aragão, na Península Ibérica), casou em 1282, aos 12 anos de idade, por procuração, com o Rei de Portugal Dom Diniz, que subiu ao trono aos 19 anos.

Em 1296 a Rainha Isabel, sendo extremamente devota do Espírito Santo, enfrentava um período difícil no Reino, com muitas desavenças entre os membros da Corte, principalmente entre o Imperador e seu filho Afonso, herdeiro do trono. Temendo graves consequências desses conflitos, Isabel fez a Promessa de entregar sua própria coroa à Igreja, se as desavenças acabassem e se restabelecesse a paz em sua família e no Reino.

Tendo alcançado a paz que almejava, a rainha cumpriu a palavra. Assim, na Festa de Pentecostes de 1296, a Rainha Isabel de Aragão levou a prometida coroa real à Igreja do Espírito Santo na Vila de Alenquer em Portugal. Para a entrega, formou-se uma solene procissão com nobres do reino transportando estandartes com o símbolo do Espírito Santo. Na ocasião, pessoas humildes recebiam simbolicamente a coroa e o cetro, simbolizando a instituição do Império do Espírito Santo e um grande banquete era partilhado com os mais pobres.

A Casa Real determinou então, que todos os anos nessa data fosse celebrada a Festividade. A Rainha passou a ser reconhecida como a “Rainha Santa” Faleceu em 1336 e em 1625 foi canonizada pela Igreja Católica.

A Festa do Divino Espírito Santo tem como base profundo sentido religioso, embora muitas vezes aparentando um evento do folclore, do imaginário e da fantasia, é rica em significados, quando se comemora a esperança na chegada de uma era de paz , um tempo futuro em que predomine a partilha, a solidariedade, a liberdade, a caridade, a união entre as pessoas, a PAZ, enfim, que prevaleça o Império da Igualdade.